Nos 125 anos de emancipação política de Petrolina, a juíza Thalynni Lavor, da 8ª Vara Federal, resolveu homenagear em versos poéticos a cidade que a acolheu.

Confiram:

FILHA DA ÁGUA

Sertão de pedras e bodes,

Já estive engarrafada,

com abalroamentos em cruzamentos.

Aos poucos,  troco semáforos

por rotatórias verdejantes.

Aos poucos,  aprendo a

me transitar de bicicleta.

Em meu peito,

pulsa uma catedral com luz de cristal,

cuja beleza contrasta

 com a dureza da vida do menino,

que dorme em meu coreto

nas horas sem cantata.

Contrastes me habitam.

Orgulho-me de ser banhada

por um rio que vem

lá das Minas Gerais. 

Sem ele, talvez eu nem existisse,

ou existisse de outra forma,

não sei!

Certo é que fui parida em suas águas.

Sou filha da água ribeirinha.

Meu rio é  tão antigo,

vindo de tão longe,

Que ganhou o apelido

carinhoso de Velho Chico.

Um velhinho que anda cansado!

Amo o meu rio profundamente,

mas, com ele, tenho sido abusiva, confesso.  

Em nome do progresso,

arranquei os cílios de suas margens. 

Vomito esgoto e lixo.

Baronesas se alimentam

da poluição que jogo,

cobrindo-o em pântano.

As grandes embarcações a vapor,

com carrancas monstruosas

entalhadas para espantar maus espíritos, deixaram de por aqui transitar

por ter o rio perdido

profundidades.

 Em nome do progresso,

 foi barrada a passagem

de suas águas

e controlado o seu fluxo lunar. 

Seu leito raso, chora!

Transformei sangue de rio

em vinho e frutas

tipo exportação. 

Meu vinho é uma delícia.

Ganhou até prêmio, acredita? 

Dessa parte, sou orgulho!

Amo meu rio,

quando nos fins de tarde,

deito-me sob as flores amarelas do Ipê,

para assistir pôr do sol dobrado,

com chão espelhando

o laranja do céu.

Amo meu rio,

quando nas águas,

morre o sol

e nasce um feminino grávido de lua.

Nessas noites, sou fogo. 

Uma lindeza!

Você precisa de ver.

Antes de ser cidade,

fui ponte. Gosto de ser ponte.

E por ser ponte,

recebo buscadores de pontes. 

É que acredito em travessias….

De aniversário, desejo

árvores para onde possam

Voar minhas abelhas

E águas limpas a me banhar.

Sou um sertão a desaguar no mar.      

Minha homenagem a está linda cidade que me acolheu.

Por Thalynni Lavor (Instagram @lavorthalynni)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui